quinta-feira, 6 de maio de 2010

Frabjous day...

Só a escuridão escorre de mim hoje, neste dia luminoso que se inicia tardiamente.

A escuridão da solidão sem resposta, cheia de palavras nunca ditas em primeira pessoa. Nunca serei prioridade para ninguém, e sei disso, e sabê-lo é como fechar um ciclo. A dor que sinto é dentro de mim uma chaga aberta. Tento limitá-la ao espaço do peito, mas ela teima em espalhar-se - e já não há quem a detenha.

Permito-me perder-me entre as tuas palavras. Todas tuas - nenhuma dirigida a mim. E sei que quando leres isto vais saber que estava falando com você - o monólogo de uma mulher meio insana, profunda e perdidamente apaixonada, que confundiu amor recíproco com alguma coisa mais amarga e corrompida que transborda de você. Não, tenho certeza que não escreves para mim. Afinal, o que sou eu em sua vida? Ninguém, ou perto disso. Uma pessoa que freqüenta a sua vida, como outra qualquer, sem nada especial para oferecer além do próprio sangue. E quantas são as que o fazem diariamente? Tantas, não é verdade, meu amor? E eu pensei que havia algo mais que sofrimento nesse amor, eu vislumbrei uma redenção que nunca houve - e que há, sim, há, mas não vai ser vivida. Você é viciado em jogo e eu sou truculência em ação: isso nunca poderia ter dado certo.

E não queira ser meu amigo, ou minta, diga que já é! Nunca houve nem vai haver amizade entre nós. Eu o quero em minha vida porque o amo, e é só. É você o negativo de mim – como eu sou a luz que invade a sua objetiva e marca definitivamente o filme da sua vida. Somos tudo um para o outro – e por isso mesmo não somos nada. Essa história nossa é sem futuro e sem fim. Não cabe essa totalidade numa existência humana.

By the way, é isso que anda errado entre nós: você e eu jamais fomos amigos. A nossa amizade partiu da atração imensa que você exerceu sobre mim, desde o primeiro momento - e eu vi nos seus olhos a faísca incendiária com que ateei fogo as minhas vestes. Eu amei você mesmo antes de dar nome a isso, eu te ofereci o prêmio! E você sabe, tanto quanto eu, como eu hesitei. Eu não queria, e você sabe que eu queria mais que tudo, e então você teve o que eu quis.

(E afinal, quantos anos eu tenho? 15? É por acaso a primeira vez que eu passo por isso? Eu chamo isso de atropelamento e fuga - hit and run, baby. E já sou bem crescidinha, e isso já me aconteceu CONTLESS TIMES...)

Eu mantenho minha posição, amor. Não pode haver nós enquanto for assim, eu aos teus pés, você me pisando com força. E não pode haver amizade entre oponentes. E é isso que eu sou para você. Pronto.

Arraste as fichas, limpe a mesa - elas estão aí para você, meu bem. A minha mão é fichinha perto do seu Royal Straight flush. A rodada é sua. O amor que eu te dei é seu. O amor que ainda guardo para você... Ele está aqui, dentro de mim. Deixei a mesa por não saber fazer poker face. Blefar não está no meu dicionário.

Mas ainda consigo pensar em pelo menos seis coisas impossíveis antes do café da manhã...

Nenhum comentário:

As regras do rolê

As regras do rolê são bastantes simples: Fode, mas não se apaixona. Se apaixonar, não fode mais, pra não se foder depois. Tudo o que te ...