quarta-feira, 2 de abril de 2014

Chiado

O ruído inconveniente às quinze para as seis da manhã me acorda muito antes da hora. Irritadiça eu sempre sou, ainda mais numa situação como essa: o vizinho e o seu barbeador elétrico no apartamento do lado parecem estar ali, sentados do meu lado na cama, me oferecendo um café e perguntando se diabos eu dormi bem. Nem o gato acordou ainda, e eu, que trabalhei até às três essa madrugada estou aqui, ouvindo o cara fazer a barba enquanto o rádio dá as primeiras notícias do dia. Fala sério, que porra de engomadinho é esse filho da puta que me acorda a essa hora como se tivesse o direito! Não tem o tal do horário de silêncio, não? Engraçado isso: se você é notívago, e não importa o horário que resolve teus trampos, os vizinhos se incomodam com as suas luzes acesas até altas horas, e se você precisa de inspiração, nada de rock'n'roll, nem baixinho! Te vira num fone! Já teve uma vaca, a cretina do 703, que até reclamou com o síndico do cheiro de café que vem da minha cozinha na madruga, diz que atrapalha o sono dela, e eu nem café mais posso fazer de janela aberta! Enfim, o fato é que o mauricinho está se barbeando com essa porra elétrica dele, escutando CBN, que ninguém merece, e se eu for reclamar, nego ainda me joga na cara que é horário de sair para o trabalho, que é normal as pessoas estarem se arrumando essa hora. Normal.

Normal é o Capeta atentar a pessoa a qualquer custo, tirando a sua paz numa terça de manhã. E como eu fiquei inquieta, resolvi também que, se o Capeta atenta aqui, há de atentar lá. O mauricinho fica me olhando de soslaio no elevador, todo dia com aquela cara de não comeu mas bem que gostou... ele pode até ter acordado cedo, mas vai se atrasar hoje...

Pulo da cama, vou lavar o rosto e escovar os dentes e decido tomar uma chuveirada rápida. Passo um óleo perfumado no corpo todo, coloco um baby doll mínimo e vou espreitar o cara do olho mágico. Ele mete a chave na porta e sai para o corredor, aperta o botão do elevador e eu dou um gritinho assustado, do lado de dentro de casa. Ele fica alerta, eu percebo que está curioso e apreensivo. Vai ser moleza!

 Socorro!  eu grito de novo, cá de dentro. Ouço seus passos enquanto se aproxima da porta da frente, ele bate de leve e pergunta:
 Tá tudo bem aí, vizinha?  abro a porta de repente, ele está com o ouvido colado na porta e desequilibra.
 Ai, me desculpa... É que tem uma aranha enorme na minha cozinha... Você me ajuda com isso? Tenho pânico de aranhas! percebo que ele fica dividido entre a necessidade de dar de macho e impressionar a vizinha gostosa e a hora de chegar ao trabalho.
 Não quero te atrapalhar, desculpe... você deve estar indo para o trabalho...
 Não, não! Imagina, é coisa rápida. Eu te ajudo com isso em dois tempos, e ainda chego antes da hora!  ele se gaba, todo-todo. Pato. Patinho. Vai se atrasar e é muita coisa...
 Ah, obrigada! Nem sei como esse bicho horrível veio parar aqui dentro...

Ele entra na cozinha resoluto, me pergunta onde eu vi a aranha. Eu aponto a pia, ele se aproxima e não vê nada. Eu chego bem perto, olhando na cara dele antes de olhar para a pia, e percebo a deixa: o queixo dele caído, os olhos dentro do decote mais que generoso do baby doll: no movimento, o peitinho direito pula para fora, toda vez isso acontece, e o cara nem consegue piscar, hipnotizado que está. Então, eu manobro o corpo para ficar entre ele e a pia, de forma que a minha bunda roça o volume do pau dele, dentro da calça. Pronto, está feito. Só mais um pouquinho de charme agora...

 Nossa, acho que só de você entrar aqui já assustou a aranha e ela fugiu rapidinho. Também, um homem desse, tira o sono de qualquer vizinha, a pobrezinha da aranha não teria a menor chance...  ele fica embasbacado, e eu não dou-lhe tempo para sair da situação: viro de frente para ele e sapeco um beijo de língua, daqueles bem molhados, que fazem molhar outras partes da anatomia da pessoa. O cara nem sabe o que está lhe acontecendo. Meto a mão por entre os botões da camisa branca e desabotoo só uns três, mas faço espaço para acariciar seu peito, caço o mamilo e ele não perde tempo! Com a mão esquerda segura o peitinho que pulou para fora, e com a direita abre o cinto e desabotoa a calça. A gente se entende num instante.

 Acho que você vai ficar meio amassado...
 Não esquenta, de onde eu tirei essas roupas tem outras passadas também.

Um sorriso sacana resolve a parada, e ele me puxa para cima, vira o corpo e me senta na bancada da pia. Aproveito para meter a mão dentro da cueca e descubro, para a minha total felicidade, que o mauricinho tem um pauzão muito digno! A minha cara de surpresa e gratidão arranca dele uma risadinha safada e o pau pulsa na palma da minha mão.

 Você não imaginava que o apartamento do lado também podia funcionar como playground, né?  adoro o jeito como esse mauricinho fala essas coisas, como se por detrás daquela beca engomadinha se escondesse um tremendo putão... começo a gostar tanto que quase esqueço que isso aqui pode até ser uma foda, mas é também uma vingança: vingança contra o maldito barbeador elétrico e a porra da CBN! Se eu perder o foco, vou me empolgar rápido demais, ele nem vai ter trabalho e não vai se atrasar nadinha! Não, não mesmo. First things first:

 Me fala uma coisa, vizinho: por que é que homem acha que basta ter um pauzão que está tudo garantido? Deixa eu te falar uma coisa: aqui, pauzão e piruzinho trabalham igual. Não dou vantagem nem lambuja! Vai ter que suar a camisa para garantir o replay...
 Nossa, mas assim você me desafia! Tá duvidando que eu entenda do riscado?  nessa hora eu quase amarelo, me dá um dois tempos, fico meio com medo de intimidar demais e sei lá, brochar o cara... mas quer saber, ele é bem competitivo. Então eu arrisco:
 É, estou sim!

Ah, é a deixa! O cara fica pilhado e decide me virar do avesso. Eu não vou reclamar de mais nada, que começa um rala e rola delicioso, as mãos dele hábeis estimulando a minha pele inteira, eriçando os meus pêlos e me deixando excitada além da conta. Eu acabo de desabotoar sua camisa e ele se livra dela em um segundo. Abre a torneira da pia e molha as mãos na água gelada, me provocando os arrepios mais alucinados por todo o corpo, e eu nem sei como mas já estou nua! Ele dá um passo atrás, para se livrar da calça e das meias, e fica me olhando.

 Sabe que você é ainda mais gostosa do que parece? Olha que eu te saco faz um tempão, e já toquei foi punheta para você, vizinha, mas não podia imaginar isso tudo! Que delicinha, você...

E lá vem ele, cheio de vontade... como é que pode uma vingancinha cretina como eu virar uma foda histórica? Pois é, o Capeta atenta sabendo o que faz! E eu, que estou acostumada a desconcertar os carinhas, fico aqui com essa cara de boba, ouvindo um elogio desse logo cedo, muito antes da hora do gato acordar... Deus abençoe o barbeador elétrico! Ele passa as mãos por baixo da minha bunda e alcança a boceta com a ponta dos dedos... desliza pelos lábios e toca o clitóris antes de ir fundo. Nessa manobra eu quase-quase, ele percebe e dá risada:

 Tá vendo, pode me dar trabalho, que eu gosto pacas... só de sacanagem, vou te fazer gozar umas três vezes antes de te encher de porra... e você vai gostar tanto que vai virar minha comidinha...
 Ah, queridinho, não se engane! Esse é o tipo de foda preguiça que eu estou querendo, então seremos comidinha um do outro...  os olhos dele brilham quando ele entende que aquilo pode muito bem se repetir ainda hoje de noite, quando ele voltar do trabalho. Dá para sacar que ele está cansado de masturbação!
 Um cara com uma habilidade dessa se acabando na punheta... que desperdício. Nunca mais, ouviu? Nunca mais você vai desperdiçar ereção enquanto eu estiver disponível, ok? Ficou de pau duro, bate na minha porta e pede açúcar, que eu te encho de mel, seu puto!

Ele pira e me pega no colo. Me leva até o sofá e me bota de quatro. Eu fico achando que vou levar pica e ele começa a me lamber como um gatinho! Que delícia... Eu começo a ficar impaciente e peço que ele me coma de uma vez. Ele tira a cara de lá e responde:

 Mas eu estou te comendo... você ainda precisa gozar gostoso antes de levar a rola que merece, minha gatinha safada...  e enfia a cara lá de novo, não me aguento e estremeço inteira, sem nem disfarçar a intensidade do orgasmo. Ele fica todo orgulhoso, lambuzado como está, sabe que está mais que agradando, e mesmo assim não desiste! Quer provocar uma impressão incrível, né? Conseguiu. Ele me abraça forte, me senta no seu colo e eu sinto aquele pau tão duro entre as minhas coxas. Ele sorri e me pede uma camisinha. Levanto do seu colo, pego sua mão direita e o levo até o meu quarto, onde fica o estoque, na gaveta do criado mudo. Abro a gaveta e pego a primeira que vem, é extra grande e ele ri, me pergunta se estou sempre preparada. Eu nem respondo, abro a camisinha e visto aquele filhote enorme rapidinho.

 Estou querendo te cavalgar...  ele senta na beirada da cama e me chama.
 Senta aqui, minha amazona. A rola está prontinha para você.

Tenho que admitir que a sensação é ainda melhor do que eu imaginava, eu sinto que vem outro gozo logo logo, e dou risada. Ele me pergunta se pode deixar rolar, e eu só balanço a cabeça afirmativamente. Intensifico o ritmo do galope, sincronizo com a respiração dele. Pode até ser um putão, mas eu também tenho minhas manhas... Ele vibra, o pau pulsa e eu sinto os espasmos que anunciam seu gozo. Aí me solto e deixo que as ondas de tensão percorram minha coluna e me vem uma sequencia múltipla que me sacode inteira. Finco as unhas nas costas dele, ele me envolve com força em seus braços e a gente fica ali, embolados, uns bons minutos. O suor escorre. Ele dá uma gargalhada, e eu fico sem entender nada.

 O que foi?
 Ah, gata, eu tinha uma reunião super importante hoje, acordei mais cedo que o normal, fiquei até bolado pensando que podia estar te incomodando, sei lá, o barbeador faz um barulho escroto... ai, perco a hora de qualquer jeito... Pelo menos, tenho que admitir: foi uma senhora foda!  fico meio sem jeito, e ele fica achando que é por causa do elogio... tadinho, eu toda mal intencionada, com raiva do barbeador elétrico dele, e ele preocupado em não me incomodar... ah, quer saber? ninguém perdeu nada aqui. Eu perdi o sono, ele perdeu a hora, e nós dois ganhamos muito mais. Deixo a sombra passar e pergunto:
 Vem tomar uma chuveirada comigo? Quem sabe você ainda chega a tempo?

A gente se ensaboa e a coisa pega fogo! É um tal de mão aqui, mão ali, e rola uma rapidinha sensacional. Esse era o gozo que faltava, e me bate o soninho que eu queria recuperar. Ele se enxuga apressado, veste as roupas meio amarrotadas sem muita preocupação. Eu me enrolo na toalha e vou até a cozinha enquanto ele se arruma, passo um café para ele e fico olhando ele tomar, sem me mexer. Ele sorri para mim, bebendo o café, e deixa a xícara sobre a bancada antes de vir na minha direção. Me dá um beijo na testa, achamos graça e ele me beija na boca. Acompanho essa incrível surpresa até a porta, esse vizinho mauricinho que calhou de ser uma foda fantástica. Ele me beija de novo. Abro e ele sai para o corredor, olhando para mim enquanto chama o elevador. Quando chega, ele abre a porta e quebra o silêncio:

 Me fala o teu nome?
 Renata. O seu?
 Maurício. (Credo, como é que eu ia saber?)
 Foi um prazer, Maurício...
 O prazer foi todo meu. Quer sair para jantar hoje?
 Não... Traz alguma coisa para a gente comer. Eu tenho vinho.

E ele ri alto e me deseja um bom dia. Ele sabe que vai ser bom...

Volto para a cama, me enrosco nos lençóis e afofo os travesseiros. Está quase na hora do gato acordar. Deixo a porta entreaberta para que ele possa entrar, se quiser. Ele vai tentar, sempre tenta. Mas nada me acorda hoje.

A não ser a campainha, mais tarde. Eu posso não saber o que vai ter para jantar, mas com certeza sei qual será a sobremesa...


14 comentários:

Unknown disse...

Então, me apresenta seu vizinho?
Kkkkkk. Sacanagem! Não tô nem aguentando com um...
Adorei a foda vespertina, embora deteste foder de manhã.
Preciso elogiar o texto?

Patrícia Siciliano disse...

Precisa sim, Engraçadinha! É uma exigência da administração! Kkkkkkkkkkkkkkk <3

walter ianni disse...

Belo texto Pat! Gostei muito! Vou seguir!

Nathália Ronfini disse...

E de vingança assim que o mundo precisa!

Nathália Ronfini disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
André Freitas disse...

Pat, amiguinha, só tenho uma coisa a dizer: porra...

Bianca Ribeiro disse...

Vai escrever bem assim lá na casa do vizinho!

Alessandra disse...

Pat, vc é demais!!!

Ciências Naturais disse...

Cara, tenho que trocar meu barbeador, está muito barulhento. Se essa moda de vingança pega, tô fudido. Só tenho visinha baranga!

Ciências Naturais disse...

Cara, tenho que trocar meu barbeador, está muito barulhento. Se essa moda de vingança pega, tô fudido. Só tenho visinha baranga!

Ciências Naturais disse...

Cara, tenho que trocar meu barbeador, está muito barulhento. Se essa moda de vingança pega, tô fudido. Só tenho visinha baranga!

Anônimo disse...

Que lixo.

Patrícia Siciliano disse...

Ah, pessoal... obrigada!
Aos amigos, agradeço pelo carinho demonstrado, por terem vindo até aqui ler o texto e deixar sua impressão.
Ao Walter, a quem não conheço pessoalmente, agradeço o elogio e também por ter se tornado um novo seguidor.
E ao Anônimo, agradeço por ter perdido o seu tempo para ler esse lixo, e, não satisfeito, ter perdido ainda mais um minutinho para deixar sua opinião.
A todos, uma sugestão: tem muito mais textos nos arquivos desse blog, de gêneros diversos. Percam mais uns minutinhos, leiam mais um pouquinho e deixem suas impressões. Pode ser só clicando na reação mais adequada, logo acima do link para os comentários; ou, aos mais entusiasmados, expressando sua opinião livremente, sem moderação. Seus comentários nunca serão ignorados (sempre vou dar um jeitinho de responder e agradecer).
E por favor, identifiquem-se! Gosto de saber com quem estou falando. Não se acanhem! Eu nunca apagarei nenhum comentário, mesmo que repetivo (rsrsrs aqui para você, Davi Medeiros!)
Ainda que achem um lixo. ;)

Unknown disse...

Amiga, show de bola o texto!!! #adoroumazinhademanhã kkkkkkkk

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