domingo, 18 de dezembro de 2011

Terceiro

Bem, pessoas, eu fui lá. Na cerimônia de entrega do prêmio Topblog 2011. Trouxe um bronze prá casa, no melhor estilo Ultraje a Rigor. Então, repito os agradecimentos a todos. E aproveito para prometer que ano que vem eu me dedico mais a esse bloguinho, e aí, quem sabe?

Enquanto isso, vão cantando aí:



quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Reverie

Essa noite sonhei com ele. Foi um daqueles sonhos dos quais você não se lembra direito quando acorda - provavelmente porque aconteceu muita coisa ao mesmo tempo, ou porque foi insólito, ou porque estava tão encantada com a presença dele que não prestou atenção do resto.

Quando acordei perdi o sonho completamente. Mas a sensação de sua companhia ficou comigo a manhã inteira.

Penso nele quando acordo. Penso antes de dormir. Agora, o pensamento nele não me dá descanso - nem enquanto durmo, durante as horas entre o poente e a aurora, quando meus olhos se fecham para o mundo. Agora ele povoou meu imaginário, construiu seu puxadinho na Terra do Nunca - que é prá onde eu fujo quando estou com Morfeu. Agora ele é meu vizinho lá também.

Pena que ele é tão inconveniente nos sonhos, e tão distante na vida real...

(Esse é um continho que já estava sentado no banco que o Blogger chama de rascunho há tempos. Dei uma ajeitadinha e cá está, para vocês não dizerem que fiquei preguiçosa... ;)

Como foi?

Então aconteceu isso.

Eu explico. Inscrevi o blog na edição 2010 do prêmio TOPBLOG. E nem rolou. Não dei importância, afinal esse é um projeto muito pessoal, e eu sempre tive a intenção de dar vazão à minha criatividade através dele - tudo o mais viria por acréscimo.

Esse ano, filha nova, vida nova, e me chega um email notificando o início do prêmio TOPBLOG edição 2011. E eu pensei: ah, mas esse ano nem vou ter tempo de atualizar o blog, né? Com Sofia quase chegando, Heitor aprendendo a ler... Mesmo ficando em casa de licença, isso não são exatamente as férias dos sonhos (vamos lá, meninas, vocês que teem rebentos, me deem uma forcinha, vão...) A Glória Celeste estava por aqui quando o email chegou. Não me lembro direito se conversei com ela antes de inscrever o blog novamente. O mais provável é que sim - eu falo pelos cotovelos, quem me conhece sabe. E é provável também que ela tenha dado força... Enfim, amigas são assim. Elas te dão o braço, mesmo quando você pediu só uma mãozinha...

Ela acompanhou o calendário do prêmio, e descobriu que o Dipshit estava entre os 100 finalistas da categoria. Confesso que fiquei um pouco assustada, mas ela foi a fofa de sempre, botou aquela pilha via redes sociais, e eu acabei aqui. É, pessoas queridas. Eu sou finalista esse ano. :D

Não sei exatamente como agradecer. Todos vocês que vieram até aqui e votaram: MUITO OBRIGADA! E me desculpem. O ritmo anda lento, é difícil dar asas à imaginação entre fraldas e cueiros, sabem? E o blog andou muito parado nos últimos meses. Este último conto em partes eu nem consigo concluir! (Eu sei o que falta escrever, é claro - mas tempo, cadê?) E ainda assim, aqui estão vocês. Espero que se contentem com essas palavras. Até porque é o que há aqui para quem quer que apareça, e é o que vocês vieram buscar: palavras.

Eu as escolho, é claro, as palavras. Mas não são só minhas, não mais. Uma vez que vocês as acolham e recolham, elas passam a ser suas também. Eu gosto de pensar que elas são mais que um exercício da minha criatividade, ou da minha capacidade de prosadora. Penso nelas como um presente, em retribuição a todos os verdadeiros autores e autoras que semearam a minha imaginação com suas histórias bem contadas e amarradas, desde o meu primeiro Orígenes Lessa até o último Lionel Shriver que eu li. A todos esses escritores, muito melhores e mais dignos de posteridade que eu, o meu muito obrigada. Fizeram-me companhia, recolheram meus pedaços, me deram asas e propósito. Supriram as minhas necessidades - de fuga e de heróis, igualmente - e me deram muito mais conteúdo do que jamais imaginei pudesse ter.

Dizem por aí que na vida é preciso três coisas: plantar uma árvore, escrever um livro, ter um filho. Já nem sei quantas árvores plantei; filhos, tive dois - meu menino e minha pequena flor; este blog é o meu livro.

É. Podem me chamar de realizada. Ou não. Mas continuem me chamando. É só dizer o endereço da página ao navegador. E apertar o botão.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Agosto

O mês de agosto o trouxe de volta. E dizem que agosto é mês de desgosto...

Seu gosto, seu cheiro, sua carne firme, a pele quente, a pegada firme: tudo nele combina comigo, pelo contraste perfeito, pelo encontro das vontades, pela força do desejo.

Os anos podem se passar, tudo muda, tudo se transforma, e ele sempre vai e volta, sempre igual, sempre diferente. O coração na boca, o gozo rápido e delicioso, as pernas trêmulas, as marcas de seus dedos na minha pele, vermelhas. Logo isso passa, mas ele fica.

Somos os mesmos, mas diferentes: cabelos brancos, marcas em torno dos olhos, mais mansos, e ainda cheios de força e coragem. Somos diferentes, mas ainda os mesmos: no fundo, dentro do espelho, ainda temos 18 e a vida pela frente.

E aqui, no mundo real, eu me deito sobre lençóis amarrotados e me deixo ficar nua enquanto ele se veste. Eu sei que ele vai embora. Há alguém que o espera, que ele não é meu de direito. E é meu, de fato. E vai dormir nos braços de sua mulher hoje. Mas ele volta.

Ele voltou para mim neste mês de agosto. E é só isso que importa.

É o inverno mais quente da história.

sábado, 25 de junho de 2011

Cotidiano

Levantou-se resoluta. Bateu os pés no chão frio e despertou completamente. Abriu as cortinas para deixar a luz do Sol entrar no quarto diminuto daquele hotel barato onde estava morando. Não havia muito para olhar naquele lugar. Correu para o banheiro quando sentiu a urgência do chamado da natureza. Abriu o chuveiro e molhou-se rapidamente. Fechou o chuveiro. Ensaboou-se. Enxaguou-se. Enxugou-se. Vestiu-se. Saiu.

Tudo tão automático, tão simples, tão banal. Era como ela via sua vida inteira. Talvez por isso fosse tão displicente. Todas as atividades de seu dia, repetidas à exaustão, como um mantra às avessas, que não lhe trazia nem paz, nem revelação. Mesmo assim era uma benção não ter que pensar para nada. A mente vazia de reflexões, preocupações, dúvidas ou dilemas. Ah, a benção do esquecimento...

Encostou no balcão da padaria e pediu o de sempre. Comeu seu pão na chapa, bebeu a média quente um pouco rápido demais e queimou a língua. Mais um motivo para manter o silêncio. Entrou no ônibus lotado e encolheu-se num cantinho. Deslizou para um cochilo quase instantâneo. Acordou quando chegou no ponto final.

Trinta e cinco camisas sociais, dezoito calças, cinco vestidos de festa. Destes não gostava, absolutamente - e por isso começou por eles. Cuidadosa, atenta aos detalhes, esticava com vapor cada pequena dobra do tecido fino, preservando cada miçanga, cada paetê, cada bordado. Quando sua mente começava a se encher de devaneios, como quem teria usado aquele vestido, ou o que tinha acontecido quando foi usado, ela se concentrava e contava as miçangas. E a mente ficava vazia, e ela voltava a seu estado de perfeita alienação.

Adorava roupas masculinas, e as achava simples e sem imaginação. Por mais de três vezes havia pedido ao supervisor que lhe desse somente roupas de homem. Ah, os ternos, as camisas, os coletes! Todos diferentes, e completamente iguais. Seria mais fácil trabalhar sem que os devaneios invadissem sua mente e a povoassem com idéias de uma vida outra, fora de seu alcance, se não houvesse em sua estação de trabalho vestidos como aqueles para passar.

Ao fim do dia, ônibus lotado novamente, a necessidade de resistir ao sono para não perder o ponto, ela fazia palavras cruzadas. "Aquele que fala muito"com nove letras... Eloquente! "Washington Luís, presidente" - WL. "Mentir, em inglês" - Lie. Desceu do ônibus em frente à padaria, pediu um pedaço de empadão de frango e uma coca-cola e subiu a rua, de volta para onde seu dia começara. Abriu a porta do quarto, depois de achar as chaves dentro da bolsa - não sem alguma dificuldade. Entrou e deixou a comida sobre a mesinha sob a janela. Colocou a coca-cola dentro do frigobar. Largou-se na cama e ligou a TV. Gostava de assistir novelas sem ouvir os diálogos, e era como se a sucessão de imagens tivesse um efeito hipnótico sobre ela. As pálpebras pesavam, e ela mergulhava num sono profundo - para acordar somente no dia seguinte.

Não se lembrava de um dia diferente. Nem queria lembrar. Havia encontrado a paz. E aquilo a que chamam de felicidade...


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Mergulho

Era dia de lavar roupas, e já o perfume do sabão em pó lhe adentrava as narinas, mesmo antes de os seus pés tocarem o assoalho frio do pátio. Essa incumbência, embora dolorosa no inverno, era sua preferida no verão. O Sol por detrás das poucas nuvens já mostrava sua força e ela não quis perder mais nem um segundo. Desceu as escadas com o cesto de roupas sujas até o tanque antigo e profundo, e debruçou-se para tampar o ralo. Abrindo a torneira, inclinou-se para frente e permitiu-se o luxo de molhar os cabelos antes do trabalho. A água fria descia por seus longos fios anelados ao mesmo tempo que um filete teimoso encontrava o caminho contrário, escorrendo por sua nuca e descendo pelas costas. Arrepiada, pensou se havia melhor maneira de começar um dia quente como aquele. E não encontrou resposta.

Sorriu e levantou o corpo jogando a cabeça e os cabelos molhados para trás, displicente. Pegou as roupas no cesto e foi mergulhando uma a uma na água represada no tanque. Com a barra de sabão nas mãos, esfregou golas, colarinhos e punhos das camisas sociais do marido, barras das calças jeans e meias encardidas ficando alvas novamente. Era um trabalho braçal e miraculoso, e a força de seus braços ia transformando toda a sujeira em passado, deixando na água do primeiro enxague todas as impurezas, lavando todos os traços dos acontecimentos dos dias anteriores. As roupas limpas seriam o palco de novos eventos, e ficariam mais ou menos marcadas por eles conforme o dia e suas atribuições. E era reconfortante pensar que, ao menos para roupas, havia sim, redenção.

A sujeira grossa removida, agora as roupas brancas eram dispostas em bacias de alumínio brilhante, e iriam passar suas horas ao Sol, para clarear. As outras, coloridas, só ficariam um pouco mais de molho no sabão em pó - só para garantir a remoção de uma ou outra mancha renitente. Enquanto as roupas brancas quaravam ela se estirava também sob o Sol, lagarteando preguiçosamente. Dizia sua mãe que era para fortalecer os ossos e espantar o mofo. Ela não saberia jamais porque esse hábito ficara nela, junto com as palavras de sua mãe. Ela ainda via a mulher lavando roupa naquele mesmo tanque, enquanto ela menina corria atrás dos irmãos, jogando água em todos eles. Era talvez para lembrar-se dela que se deitava ali no pátio, sob o Sol.

Então passaram-se as horas, e o calor no pátio era abafado, como se ela estivesse num forno, dentro de um tabuleiro, assando. Levantou-se e começou a enxaguar tudo: primeiro as roupas coloridas, depois as brancas, e de repente havia uma pilha de roupas limpas no cesto que as trouxera sujas até ali. Torcidas e esticadas no varal, agora a faziam lembrar das festas de junho, das crianças dançando quadrilhas e da fogueira que se fazia ali. Outra lembrança no fundo da mente se agitava, uma lembrança mais íntima - e essa ela preferia abafar. Aquela tarde pretérita, recolhendo as roupas com o primo, as mãos se tocando, o calor que percorria seu corpo...

Ela mergulhou no tanque, sem perder sequer um segundo em devaneios. A água do último enxague, ainda fria, a despertou daquela recordação com um choque agradável por todo corpo. Era melhor deixar o passado ficar no passado...

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A herança de Dona Saudade

Um dia como qualquer outro era uma boa definição. Aquele era um dia como qualquer outro. Ela estava sentada num banco de praça, as crianças brincando felizes nos balaços e escorregas, o caçula revolvendo a areia da caixa ferozmente, como quem caça tesouros, o do meio emburrado, sentado do lado oposto da praça, sob o Sol escaldante, braços cruzados sobre o peito, aquela expressão de infelicidade em seu rosto e os olhos transbordando pingos grossos de chuva. O mais velho se gabando para os amigos de suas façanhas acrobáticas nos brinquedos do parquinho.

Poucas mães como ela ali àquela hora da manhã, a maioria babás acompanhando as crianças de suas patroas. Num dia comum de semana, as mulheres de sua idade já estavam em seus trabalhos, talvez tomando a décima decisão do dia junto da terceira xícara de capuccino. Ela achava tudo engraçado e distante, como se estivesse assistindo aquela sucessão de cenas da escotilha de um ônibus espacial, mas sabia que era ao mesmo tempo parte da paisagem que apreciava calada. Levantou-se a caminhou devagar em direção ao do meio, sem distrair-se do caçula, que gargalhava no tanque de areia, espalhando brinquedos e terra molhada com seus movimentos desconexos. Ela olhava para o pequeno e sorria, enquanto seus passos a aproximavam no reflexo de si mesma sentado ali, sob o Sol da manhã, os olhos marejados observando sua aproximação.

Dos três filhos, ele foi o único que herdou sua melancolia, sua tendência para o drama, sua sensibilidade extrema. Ela preferia que nenhum deles fosse frágil como ela, que nenhum de seus filhos precisasse passar pela vida carregando o peso do mundo nas costas. Mas de algumas coisas não se pode fugir. Era ele o seu espelho, o filho com que mais se identificava - e ela o amava e lamentava por ele na mesma medida.

Pelo menos sempre saberia como lidar com aquilo. Sabia que não havia palavras de consolo suficientemente boas em situações como aquela. E sabia que morreria por um abraço silencioso. Sentou-se ao seu lado, estendeu seus braços em sua direção e permitiu que ele se aconchegasse em seu regaço, a cabeça virada para o lado direito, evitando seus olhos e posicionando a orelha sobre seu coração. Cada batimento cardíaco era um mantra de aceitação e amor. Era só do que ele precisava.

E ela sabia.

No futuro, quando se lembrasse dela, seus olhos interiores a veriam como a única pessoa no mundo capaz de entendê-lo completamente. A única que saberia ouvir suas conversas e histórias com total aceitação, sem nenhum traço perceptível de paternalismo ou afetação. Seus irmãos pensavam que conheciam a mãe. Ele sabia que ambos estavam errados. Ela era somente dele, sua totalidade em cada gesto banal do cotidiano transbordando um amor irretocável, seu perfume indelével e as cores da sua aura. Ninguém jamais soubera a sua mãe como ele.

E ela também sabia.


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Feedback negativo

Ouví-lo respirar causava-lhe certo desconforto. Era como se de repente algo de sujo e imperfeito tivesse penetrado na sua pequena redoma de vidro temperado, e ela não podia tolerá-lo por muito tempo. Nem sempre fora assim.

Houve uma época que o som de sua respiração era o parâmetro de sua existência. Mas alguma coisa estava faltando, e por todos os deuses ela nem saberia dizer o que era! Algo nele tornara-se exasperante e imperfeito, e onde antes só havia alguém como ela agora havia um impostor. Talvez fosse isso. Talvez nem fosse ele, mas um dublê de corpo, uma réplica moldada à sua imagem, para confundí-la e ameaçá-la.

Se algum dia a sensação de incômodo a deixasse... Ah, ela seguiria em frente, como uma mulher adulta, cabeça erguida, nada para trás. Mas a verdade gritando em seus ouvidos era ensurdecedora e cruel. Aquilo, aquele mal estar, nunca acabaria. E a cada dia ele se imporia, até que ela tomasse a decisão e fugisse dali.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Hello, strangers!

Olá a todos, vocês que eventualmente passam por aqui.

Estou mesmo com saudades deste espaço de ser, tão meu quanto virtualmente possível. O que me mantém distante não é falta de inspiração. É falta de tempo, o que parece mentira vindo de alguém que teoricamente está em férias. Mas prefiro dizer que estou em obras. A casa e a alma.

Dentro de mim essa menina cresce e aparece cada vez mais. A barriga se agiganta e o coração tenta acompanhá-la, sem descanso. Ela se move, e eu me arrasto. E essa é a diferença de se estar grávida com 32 e com 38 anos. Seis anos de diferença, seis graus de separação, talvez tudo o que se aproxima da perfeição seja ligado ao seis, já que sete é um número cabalístico tão importante...

Nem sei o que dizer, além disto: tenho algumas ideais que desejo desenvolver aqui. Tenho pouco tempo, e então terei pouquíssimo, e será uma questão de sanidade manter esse espaço funcionando. Mas quero mesmo dizer que estou com saudade deste pedaço de mim que se expande e espalha aqui, no meu Dipshit.

Quero beijá-los, todos, com a boca digital e a língua virtual. Quero que saibam que ainda estou por aqui. Quero que me desculpem por deixá-los sem novidades.

E quero oferecer minha saudade como um presente cheio do mesmo amor que me preenche.


As regras do rolê

As regras do rolê são bastantes simples: Fode, mas não se apaixona. Se apaixonar, não fode mais, pra não se foder depois. Tudo o que te ...