segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Invitation

Eu te convido a fazer parte do meu mundo. Não é grande coisa, mas é o que eu sou - e é isso que tenho para compartilhar. Você pode vir, se quiser - mas só se quiser. Eu quero caminhar com você ao meu lado, a tua mão na minha mão, meus pés nas tuas pegadas. Eu quero te mostrar o meu lugar secreto, o refúgio para onde eu escapo sempre que posso. E não é um lugar no espaço - é mais uma dobra no tempo, um lugar na minha mente.

Venho aqui constantemente, derramando meu leite e mel por sobre meu caminho, agradando até sem a intenção de agradar. Porque sou assim, é da minha natureza. Olhar para o outro e ver. Achar maravilhoso. Desdobrar-me em espaços onde o outro possa ser. E navegar no outro.

Nunca soube dar de mim em doses homeopáticas. Desconfio de gente que se entrega de conta-gotas, um pouquinho a cada dia - como se amor gastasse mais rápido se dado de forma liberal. Só sei fazer o presente de mim aos borbotões, cascatas de amor que jorram por entre as frestas da minha alma - e eu quero deixar que tudo que eu sou te envolva, te surpreenda, te sufoque! Mas que seja tua. De uma só vez e cada vez mais. Só assim sinto que toquei a verdade do que sou.

A fera que dorme dentro de mim ronrona como uma gatinha quando você chega. Ela se esfrega nos teus tornozelos, ávida por carinho. E quando tuas mãos deslizam por seu pelo macio, ela se arrepia toda... Ela quer ficar ali, junto de você, quer que você fique. Ela está apaziguada na tua presença. Fica aqui um pouco. É o fim dos tempos, é um novo dia, é o momento de te amar. Vem comigo, tira a roupa que cobre tua alma, deixa eu ver o que eu vi antes, quando você descuidou e mostrou quem você é. Deixa eu ver tua verdade. Eu sou só o que você já viu. Mas isso é muito pouco, perto do que você me faz sentir.

Isso tudo que sou e sinto estava escondido, soterrado sob os estratos paleontológicos da minha história - camadas e camadas de sedimentos, desvirtuando a minha verdade, obscurecendo a minha luz. Eu sou feita de muito mais luz que sombras, luz que ofusca ainda mais tudo o que é sombra em mim. E você é a minha sombra, o meu negativo em carne e sangue - e eu preciso desse contraponto para voltar a ser.

Para além de tudo o que eu desejo, a felicidade de explodir em cores diversas, o meu arco-íris íntimo esparramado sobre o mundo que te envolve, refletido nas tuas retinas, impresso em teu miocárdio a ferro e fogo, a certeza de que a tua vida nunca mais vai ser a mesma - e nem a minha.

Mas só que você quiser vir comigo. Você precisa querer.

("Eu acho que ele não vem / Ele não vem não / Ou será que virá?)

Um comentário:

nemezio disse...

O primeiro e o segundo páragrafo sao da mais bela prosa poética. Literatura. O resto é psicanálise. Boa psicanálise. Cá do meu canto, prefiro a literata.

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