"Eu te amo". Era só uma frase estúpida, escrita num pedaço de papel ainda mais estúpido. Mesmo assim, sem que ela quisesse, a ideia fez morada em sua mente, e ficou lá, imersa em pensamentos, e foi tomando forma - como um saquinho de chá, que fica muito tempo na água quente e vai produzindo uma infusão cada vez mais encorpada, perfumada, densa e escura.
Desdobrou-se e deu crias em sua imaginação: quem seria? Seria um cara ou uma garota? Será que ela iria descobrir quem era? Ou ele/ela lhe diria? A curiosidade a estava consumindo, e lembrou-se de um momento distante, quando encontrou dentro de sua agenda adolescente um desenho do Garfield com um balão de pensamento que continha a mesma frase. E pensou também que a pessoa do passado - até hoje ela só desconfiava de quem poderia ser - tinha perdido uma oportunidade preciosa de felicidade. A pessoa do bilhete - no presente - iria pelo mesmo caminho?
E ainda assim, no anomimato de sua revelação, a tal pessoa estava enchendo de um colorido diferente os seus dias desde então, e ela olhava a sua volta com um sorriso nos lábios, palavras doces para quem quer que a interpelasse. Um amor assim não deve jamais ser descuidado. E devia ser um amor bem bonito, cheio de verdade e pungência - muitas palavras não ditas - e até trilha sonora!
E de pensar nesse amor, ela foi ficando mais bonita...
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