quarta-feira, 28 de abril de 2010

Nublado, com possibilidade de chuvas fortes.

Tudo bem. Estava tudo bem. E agora isso! Isso é a prova cabal de que não pode haver paz nos relacionamentos extraconjugais.

Ele é meu "fuck buddy." Esse termo é empregado perfeitamente no filme "Vanilla sky" pelo David Aimes, que é o personagem do Tom Cruise. E olha só o que acontece com ele no final: a mulher pira na batatinha de ciúmes - porque evidentemente está apaixonadíssima - e dá uma carona a ele - para o inferno! Mas eu acreditei que podia dar certo. Afinal, nós dois somos casados, adultos, maiores e vacinados - só estávamos atrás de um pouco de diversão fora da rotina... O tiro às vezes sai pela culatra.

É que a gente se amou. Se ama, sei lá. Isso pode parecer confuso - não parece? Mas não é! Amor fica noutra gaveta, que a gente profanou. Ou não.

Ele é alguém do meu passado. Talvez devesse ter ficado lá. Isso é muito difícil para mim agora. Achei que as regras estivessem claras. Achei que ele entendia essa história nossa da mesma forma que eu. Entre nós sempre reinou o Descompasso - e ele é um rei bem canalha e inexcrupuloso...

Eu nunca quis magoá-lo - por isso sempre conversamos abertamente sobre tudo o que existe entre nós. E agora isso! Cheguei aqui, no nosso ponto de encontro, e achei um recado, rabiscado num guardanapo de papel: "Num universo paralelo, seria você que me deixaria - e eu saberia exatamente como você está se sentindo..."

Então lá vai, meu bem. Essa eu faço questão de responder assim, por escrito - da exata maneira que ele fez comigo:

"Num universo paralelo estamos sentados no sofá, eu e você, assistindo ao noticiário do Bonner - e cada um pensando no seu amante.
Num universo paralelo eu saio de casa só com a roupa do corpo, no meio da chuva, chorando - mas resolvida. Deixo meu marido e filhas para viver essa história com você. E dou de cara com a porta fechada, o segredo trocado, o apartamento arrendado a outra pessoa.
Num universo paralelo, você está gritando lá do estacionamento as maiores barbaridades, só prá me fazer descer e ir embora com você.
Em outro universo, esse distante, nem nos conhecemos. Nunca nos vimos, nossas vidas jamais se tocarão.
E, no universo tangencial a esse aqui, onde vivemos, você e eu estamos conversando agora, e você admite que infringiu as regras, e que pisou na bola por não ser capaz de se manter frio, de separar as coisas. Eu também te digo que te amo, mas que esse amor não exclui o meu casamento, não o inviabiliza. Que, na verdade, é ele que me ajuda a continuar casada e feliz. E fica tudo bem, no final...

Porque eu te amo, mas ficar com você é inviável - e essa inviabilidade nada ter a ver com ausência de amor. É o resultado da existência de um compromisso prévio, que eu pretendo honrar. E não me venha dizer que é falta de amor por você, ou que eu não amo mais o meu marido. Amo os dois, cabe em mim! Não me venha limitar o amor dentro dos moldes da sociedade. Fosse me pautar por eles, esse bilhete não estaria sendo escrito, porque não haveria nós."

Deixo o bilhete colado na TV, e saio para a noite gelada. Não quis que ele fosse meu amante. Não foi assim que a história recomeçou. Mas ficamos confusos. Os dois. Ainda precisamos nos ver, resolver a questão do apartamento, dividir as poucas coisas que estão lá. Não quero nada - não preciso de algo para me lembrar dele.

Quando saí de casa hoje, feliz e com o Sol dentro da alma, a previsão meteorológica dizia que o céu estava nublado, e que podia chover. Mas o céu agora abriu totalmente.

Sou fiel à meteorologia. Está chovendo sim. Dentro de mim.

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