- eu, ingênua.
Sem palavra, põe sua mão do meu lado
O indicador apontado levanta meu queixo
E o beijo que se segue é a última coisa
Que vou saber...
Seus dedos se afundam em minha pele
Estraçalham a carne em meus quadris
- não sinto nada.
E assim, sem fazer força
Você me parte ao meio:
Vida dividida, como um osso da sorte.
"Hope you're happy now, doll face."
- você, sarcastíco -
para a confusão de sangue, carne, epitélio e gordura
sobre a calçada.
Do bolso do casaco de couro encarnado
um canivete é sacado.
A massa dourada dos meus cabelos em desalinho,
escalpelada
vai parar na sua mochila.
O coração, estripado do peito,
pulsante e vermelho,
perfumado pela paixão
- em suas mãos.
Seus olhos de predador brilham de desejo.
Ainda vejo a saliva que escorre de seus lábios entreabertos.
Você sorri, inala o ar que contém o que restou de mim,
E morde o miocárdio.
Simples assim.
(Nunca foi tão fácil. Talvez por isso. Talvez não. E ainda.)
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