terça-feira, 16 de março de 2010

Metafísica

Sim, a vida terminaria. Não há vida após a morte. Pelo menos não enquanto fenômeno fisiológico que ela se acostumara a estudar insistentemente desde a mais tenra idade. Não mesmo. Ela sabia, ele sabia.

Mas desde aquele amor, ela passara a sentir o indelével perfume da eternidade. Havia nos pequenos detalhes daquele encontro um desejo incandescente de permanência, a vontade de ficar mais algum tempo, o toque intencional da pele se perpetuando na vida, tecendo o seu fio ao dela numa trama única - constituindo algo novo, inusitado.

Quis gritar para o mundo. Anunciar a descoberta intuitiva de algo maior que a fisiologia! Mas, presa como estava aquela estrutura especulativa e minuciosa de pensamento, não pode fazê-lo. Não passa da noite para o dia uma acadêmica a falar assim de intuição, como se a metafísica fosse elevada a condição de ciência exata num piscar de olhos.

Desistiu antes de tentar. Mais fácil aceitar que a existência ruma para o vazio que apostar suas poucas fichas de sanidade num amor que talvez tivesse propriedades transcendentes...

Nenhum comentário:

As regras do rolê

As regras do rolê são bastantes simples: Fode, mas não se apaixona. Se apaixonar, não fode mais, pra não se foder depois. Tudo o que te ...