Então, passou a se expor a tudo que já lhe provocara dor. Não. Ela não pisou em pregos, ou prendeu dedos em portas deliberadamente. Era a dor essencial, íntima, espiritual a que ela vinha se expondo, de maneira quase exibicionista. Procurou colegas de escola dos tempos de infância, seus primeiros amores, o namorado com quem teve seu primeiro momento de intimidade. A professora que uma vez caçoara de sua escrita rebuscada, o inspetor que a flagrara em seu único instante de rebeldia e a humilhara diante de toda a classe. Engraçado como nada disso fez a dor voltar.
Ela ficou se perguntando, por muito tempo, diante do espelho, onde diabos aquela dor foi se esconder. Porque sentia falta dela! E de seus olhos, as lágrimas escorreram espessas, sentidas. Sabia agora exatamente com a outra se sentira. E sabia também da verdade: o adeus à dor era impossível.
Ela espreita constante, e é decidida. A dor estará a espera - e nunca se sabe no que se vai topar...
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