Mas é tarde, o dia já termina, e eu preciso vestir minhas roupas e sair em busca da vida, que deixei parada em algum momento, em algum ponto da trama de nossa história. Ou talvez, se eu for mesmo esperta, deixo aquela ponta para lá e começo daqui, de onde estou.
Eu te amo. Eu sempre vou amá-lo. Agora, me faça um favor: feche aqui o zíper desse vestido e me conduza até a porta, sim? Por favor, amado meu, não chore. Foi lindo, foi mágico, foi tudo o que eu quis para mim. Foi.
Mas lá fora está frio, é o inverno, e as cobertas da tua casa são insuficientes para manter aquecida.
Quero beijá-lo mais uma vez. Não querido, não por pena - por amor. Quero ofertar-lhe ainda meu abraço, soprar com meu hálito um beijo e partir. Não há mais o que dizer. Preciso seguir em frente.
Enquanto me afasto, observo tua imagem pelo retrovisor. Você me parece diminuto ali, encolhido, sentindo frio, congelando no vento cortante, tão inconsolável quanto uma criança que perdeu um brinquedo com que já não brincava mais, com que se habituara. Tua imagem diminui - enquanto a força do que eu sinto se espalha por todo meu corpo, como o calor do verão. Quantos pedaços da minha alma já tinham congelado, meu amor? Como é bom reviver.
Sentirei tua falta. Sinto tua falta agora, agorinha - ainda posso vê-lo no retrovisor. Vem comigo?
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