segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Quase nada

É, ela já tinha passado por aquilo antes. Foi uma loucura, um delírio, uma certeza clara de que toda a felicidade do mundo cabia dentro de seu carro, no banco do carona - e se chamava Antônio Carlos.

Agora tinha outro nome - mas era Antônio Carlos all over again.

No rádio, ela escuta a canção-tema daquele seu romance de então. É como reviver o amor em formato mp3. Todas as palavras tão bem colocadas ali, as estrofes soando como aqueles beijos roubados no corredor da escola, a aflição pelo momento de sair dali, entregar-se àqueles beijos, todos com gosto de travessura, todos deliciosos como o primeiro. Por todo tempo que aquela insanidade de cinco semanas se estendeu. Nunca antes um homem tinha beijado um primeiro beijo tantas vezes. E ela era viciada em primeiros beijos... E para quê? Para nada, para redundar na verdade inexorável da sua vidinha suburbana: às vezes era melhor ficar de longe, só olhando as flores.

Dessa vez a história é diferente, e ainda assim é a mesma. Como pode, esse padrão, esses envolvimentos tão intensos, tanta entrega, para tão pouco? Provavelmente há saída terapêutica para essa encruzilhada, mas por enquanto as sessões de análise não apontam a solução - flechas de neon seriam tão benvindas...

Os beijos, as mãos, o toque. Seus olhos lânguidos, a língua aflita procurando o mamilo por dentro do decote, seus suspiros e a certeza de que jamais fora tão feliz, jamais homem algum a fizera provar do paraíso com tanta maestria, nunca o gozo fora tão pleno de sentido e significado. Ele só não é perfeito porque é Antônio Carlos.

Over and over. Again.

Nenhum comentário:

As regras do rolê

As regras do rolê são bastantes simples: Fode, mas não se apaixona. Se apaixonar, não fode mais, pra não se foder depois. Tudo o que te ...