Não sinto medo, só a angústia da tua aproximação. As tuas mãos vão se fechar em torno da minha garganta, e você vai apertá-la como o faz com meu coração. Mas o ato que tortura o meu coração vai ceifar a minha vida - como a foice extirpa o trigo.
Sei que não demora.
Espero recobrar o fôlego, quero ainda tentar aumentar a distância entre nós. Os teus passos já se fazem ouvir a distância de um fôlego - e eu nunca fui corredora. Deixo-me ficar. Meu corpo dolorido se recente do esforço, e eu quero gritar - porque não sou vítima indefesa - mas me falta o ar. Abro a boca, como que para pedir socorro, mas falha o som, e se prende na garganta. O corpo escorrega para o chão - e a tua mão me sustenta. A força dos teus dedos grossos segurando o meu braço, enterrando-se em minha carne, mais para ferir que para salvar - e de repente a sensação de consolo por estar ali, você comigo, nem que seja para desferir o golpe que me roubará a vida. Você comigo, em meu último instante. Adeus, meu amor. Adeus.
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