terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Farewell

O que eu faço com o que sobrou de mim nessa história? Eu tento fugir, tento correr - em vão. Sinto o odor azedo do teu suor, sei que você se aproxima. E é inútil. Sei que não conseguirei escapar. Não dessa vez. Eu quis tanto ser parte da tua vida, construí tantos castelos de prata, ouro, pedrarias. Percorri distâncias em busca do lugar perfeito onde erigir meus monumentos a você, ao amor imenso que sempre senti. Nada parecia digno, e fui me deixando ficar. Sempre soube que seria assim: eu te prometi tudo, e te daria tudo, e você, sempre me exigiria mais e mais. E assim foi. Até agora.

Não sinto medo, só a angústia da tua aproximação. As tuas mãos vão se fechar em torno da minha garganta, e você vai apertá-la como o faz com meu coração. Mas o ato que tortura o meu coração vai ceifar a minha vida - como a foice extirpa o trigo.

Sei que não demora.

Espero recobrar o fôlego, quero ainda tentar aumentar a distância entre nós. Os teus passos já se fazem ouvir a distância de um fôlego - e eu nunca fui corredora. Deixo-me ficar. Meu corpo dolorido se recente do esforço, e eu quero gritar - porque não sou vítima indefesa - mas me falta o ar. Abro a boca, como que para pedir socorro, mas falha o som, e se prende na garganta. O corpo escorrega para o chão - e a tua mão me sustenta. A força dos teus dedos grossos segurando o meu braço, enterrando-se em minha carne, mais para ferir que para salvar - e de repente a sensação de consolo por estar ali, você comigo, nem que seja para desferir o golpe que me roubará a vida. Você comigo, em meu último instante. Adeus, meu amor. Adeus.

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