sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Feedback negativo

Ouví-lo respirar causava-lhe certo desconforto. Era como se de repente algo de sujo e imperfeito tivesse penetrado na sua pequena redoma de vidro temperado, e ela não podia tolerá-lo por muito tempo. Nem sempre fora assim.

Houve uma época que o som de sua respiração era o parâmetro de sua existência. Mas alguma coisa estava faltando, e por todos os deuses ela nem saberia dizer o que era! Algo nele tornara-se exasperante e imperfeito, e onde antes só havia alguém como ela agora havia um impostor. Talvez fosse isso. Talvez nem fosse ele, mas um dublê de corpo, uma réplica moldada à sua imagem, para confundí-la e ameaçá-la.

Se algum dia a sensação de incômodo a deixasse... Ah, ela seguiria em frente, como uma mulher adulta, cabeça erguida, nada para trás. Mas a verdade gritando em seus ouvidos era ensurdecedora e cruel. Aquilo, aquele mal estar, nunca acabaria. E a cada dia ele se imporia, até que ela tomasse a decisão e fugisse dali.

Nenhum comentário:

As regras do rolê

As regras do rolê são bastantes simples: Fode, mas não se apaixona. Se apaixonar, não fode mais, pra não se foder depois. Tudo o que te ...