Acontece assim, de repente. Como se fosse um outro dia qualquer, as cores da paleta da vida ficam lindas novamente. E o Sol ainda é o mesmo Sol, e aparece entre nuvens nesses dias frios de inverno. Mas só é inverno aqui fora.
Dentro há uma nova onda de calor que sobe por dentro de mim como lava, buscando as frestas entre os minerais na área da chaminé para encontrar a luz e o exterior, explodindo violentamente, destruindo e bagunçando camadas e camadas de rochas sedimentadas sobre o antigo vulcão.
Quem olhasse de longe veria somente uma bela montanha, verdejando na manhã suave e cálida, e ninguém suspeitaria que ela já havia sido uma cuspidora de fogo. Isso tinha sido antes, num passado tão distante que ninguém imaginou as cócegas no ventre da montanha, a massa pastosa e ígnea se insinuando lá no fundo... e como ela queria sair.
E nesse dia, sem muita pressa, Polianna acordou dentro de mim bocejando preguiçosa, e sonhando acordada me perguntou se dessa vez era para sempre, esse calor, essa fúria. Essa certeza. Nesses dias me resta sorrir para ela, de soslaio, e desdenhar de sua ingenuidade, de seu otimismo irritante. No fundo, bem lá no fundo, eu preferia que pelo menos dessa vez ela estivesse certa. Mas viver é decepção, erupção vulcânica é fenômeno geológico. E dia de verão é luxo para quem vive em terras tão austrais.
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
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Um comentário:
Obrigado por seguir o Texto de Garagem. Diariamente publicamos crônicas, poesias e devaneios dos nossos autores. Já estamos conferindo o seu trabalho!
Até mais,
Fabio Ramos (Texto de Garagem).
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