quinta-feira, 29 de março de 2012

Once upon a time...

Era um sapo comum. Não era príncipe nem poderia transformar-se em outra coisa. Uma vez já fora larva, nos tempos idos antes de sua metamorfose. Mas nem disso se lembrava. Talvez o tivessem chamado girino, e ele de nada saberia. Vivia à beira daquele lago, onde fora gerado, e onde tinha a possibilidade de, quem sabe, encontrar uma sua irmã disposta a parear cromossomos consigo, e depositar na mesma margem os ovos de sua descendência.

Contudo, a vida das criaturas é joguete nas mãos do destino, e naquela gloriosa manhã de outono a vida do sapo iria sofrer um golpe fatal.

Ele comia seus insetos matinais sentado sobre uma pedra da margem do lago, esquentando ao Sol, totalmente alheio à estrada que cortava os vales por detrás daquela clareira. Enquanto isso, dois caminhões amarelos seguiam pela estrada, transportando azeite português. O motorista do primeiro carro vinha distraído, conversando ao rádio com Cleonice, a dona do posto de gasolina. Mal se concentrava na direção, tão interessado estava em conquistar as atenções daquela mulata de parar o trânsito. Ele ria forçadamente de suas piadas quando engasgou-se, e estendeu a mão direita para pegar um copo d'água, no momento em que a estrada fazia uma curva fechada para a esquerda. Perdendo o controle da direção, ele livrou-se do cinto de segurança e pulou para fora rapidamente, deixando que o veículo saísse da pista e invadisse a clareira. O segundo motorista, com presença de espírito, conseguiu evitar a situação e parou seu caminhão mais adiante para ajudar seu colega imprudente.

Por sorte deles, e azar do sapo, o caminhão ficou quase intacto. Caiu dentro do lago, arrastando terra e pedras junto com ele - e esmagando o corpo do infeliz animal contra o fundo, debaixo da roda dianteira direita.

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