O feirante é um gigante. Tem, no mínimo, um metro e noventa! Toda
quarta-feira é dia de tentação: ele fica lá, no meio da feira, fazendo uns
malabarismos hipnóticos com as frutas que comercializa na sua barraca, e eu
venho olhando, atraída como uma mariposa para o lampião. Ele me encara direto,
um sorriso aberto, de dentes brancos e grandes, e eu sempre desvio o olhar
quando chego bem pertinho: olho para o chão, sem nem bem saber por quê. Sou
dessas que evitam a tentação, sempre que possível!
Sempre que possível.
Hoje não deu. Acho que eu estava mais
suscetível, ou foi o calor do dia, a luz da manhã... a gente arruma desculpa
fácil, é só ter um pouco de imaginação. A verdade é que isso era uma questão de
tempo. E tempo, hoje, eu tinha. E a vontade... bem, a vontade eu tenho desde
sempre, desde que botei os olhos nesse homem pela primeira vez, há três anos,
quando me mudei para esse endereço. Deixa eu contar o que aconteceu, parar de
enrolar a audiência e de arranjar subterfúgios...
O meu roteiro na feira é sempre igual: eu
chego pela peixaria, escolho o que vou levar para o almoço e peço ao rapaz que
pese enquanto eu vou olhar o restante da feira. Normalmente isso significa dar
uma volta, pesquisar os preços e resolver onde vou comprar as verduras, legumes
e frutas da semana. O único lugar que não varia é a peixaria, mas os outros
barraqueiros não tem a minha preferência, não. A não ser o deus das frutas...
Garota, que homem é aquele? Sabe quando o cara não é exatamente sarado, mas é
tudo de bom? Então... braços fortes, umas coxas grossas e uma barriguinha
mínima, mas que dá o tom da humanidade ao sujeito: sem a barriga, você olha e
tem a certeza de estar de frente para uma divindade romana, ou um modelo de
cueca, sei lá. O fato é que eu dou essa passeada pela feira só para ter
pretexto de passar por ele duas vezes por semana. Normalmente é só aquela
ceninha, parece até que rola ensaio, ele lá, se exibindo nos malabares vegetais
e eu olhando, olhando, olhando... até desviar o olhar para os meus pés. E sair
batida. Ele já tentou gracejar, já esperou eu falar alguma coisa, já fez que ia
falar! E eu, só encarando a rasteirinha e passando batida, que me faltou
coragem esses três anos. Nem uma frutinha eu comprei para puxar assunto, nem
apalpei as maçãs, nem conferir as bananas. O jeito que ele me olha me deixa
tímida como uma virgem vestal. Mas como tudo que vai, volta, eu passei por ele
no roteiro de ida... e ele me segurou na volta. Simplesmente sumiu do lugar
onde fica todas as quartas! E eu fiquei caçando o cara, nervosa de perder o
espetáculo do feirante... e ele se materializa na minha frente, bloqueando a
passagem e me desconcertando de uma forma que me impede de fazer a minha cena.
− Bom dia, freguesa! Não vai nem dar uma
olhadinha nas frutas hoje? − fico estática, sem saber o que fazer, por uns bons
5 segundos, queixo caído, cara de abobalhada... e respondo:
− Bom dia... eu ainda não decidi... o
carrinho vai ficar pesado...
− Ah, mas isso não é problema! Eu levo
para você! Moça bonita não carrega peso!
Sem escolha, me aproximo da barraca de
frutas que ele comanda. Nunca tinha reparado que, além dele, mais dois caras
trabalham ali. E nem repararia jamais. Eles devem ser irmãos, mas o meu
feirante destoa! Realmente, as mercadorias que ele tem para vender são bem
superiores que as das outras barracas, mas eu não sou luxenta, e sempre dá para
garimpar coisas boas por um pouco menos de dinheiro... mas de hoje não passo, e
então escolho automaticamente algumas peras e maçãs, e ele oferece mais uns
caquis, que eu acho por bem levar, mais para me desembaraçar daquela saia justa
logo de manhã. Quando termina a seleção, tenho tantas frutas no carrinho que
vai ser difícil consumir em uma semana... puxo a carteira e já estou pagando a
despesa, muito mais grana do que eu esperava gastar na feira inteira, quando
ele insiste em me dar um bom desconto. Olho surpresa para ele, que sorri para
mim e diz, ao pé do meu ouvido:
− Se eu trabalhasse só, você levava tudo
de graça, só pelo gosto de te ver de perto...
Garota, gelei. Gelei de uma forma que eu
nem sabia mais onde eu estava, nem o que eu tinha que fazer depois! Ele
percebeu o meu estado, sorriu de novo e disse, dessa vez em voz alta:
− Você vai buscar alguma coisa no peixe,
boneca? − o safado presta a maior atenção no meu roteiro... de qualquer forma,
me situo rapidamente e respondo.
− É, deixei pesando...
− Eu acompanho você. O carrinho ficou
pesado, e eu prometi que levava pra você.
− Ah, não precisa...
− Precisa, sim. Eu sou um homem de palavra.
Nós dois rimos: eu, de nervoso; ele,
confiante. Sinto que tem alguma coisa acontecendo que eu não estou captando,
como se eu fosse personagem na história dos outros... tadinho.
"Queridinho", pensei, "a escritora aqui sou eu, a história é minha,
e eu sou protagonista nessa novela!" Organizo meus pensamentos, e enquanto
ele me acompanha eu já estou refeita. Entabulo uma conversa engraçadinha com o
peixeiro, que é um coroa bonachão e muito bem humorado. Gosto de conversar com
ele, acho seus comentários inteligentes, e é por isso que ele tem a minha
preferência. O feirante fica olhando, prestando atenção na conversa. O peixeiro
vira para ele e pergunta:
− Vai escoltar a moça para casa, Denilson?
− É, prometi, seu Evaldo! Ela tá levando
muito peso, é até judiação uma moça linda dessa carregar tanto peso...
− Pois é, eu sempre digo a ela que isso é
trabalho para homem, mas essa moça é feminista, sabe como é...
− Pois eu acho até bom, sabe? São umas
mulheres muito mais interessantes! − os dois ali, assuntando a minha pessoa, e
eu escutando!
− Olha só, pessoal, o papo tá muito bom,
mas chega de me colocar na berlinda, ok? Denilson, a gente vai andar um bocado,
ok? É na rua de trás. Tchau, seu Evaldo! Boa semana para o senhor!
− Até pra semana, dona Suzana! − eu gosto
tanto desse coroa que até o trocadilho dele me agrada! Toda semana essa rima
boba, e toda semana me arranca um sorriso...
Seguimos em silêncio por alguns metros,
até sumirmos das vistas do pessoal da feira. Quando a distância é segura, ele
entabula uma conversinha:
− Até que enfim você parou na minha banca,
boneca! Achei que nunca eu ia conseguir trocar duas palavras com você na vida!
− Ah, é? – faço a espantada. − Não
imaginava que você me acompanhasse assim, com tanta atenção...
− Para com isso, garota. Você me saca e eu
te saco, e tem um tempão isso. Eu juro que já até assuntei por ali se você era
casada, recatada, freira... essas coisas, porque vou te contar, que mulher
encabulada dos diabos, você!
Nessa hora a gente deu umas boas
gargalhadas, ele relaxou um pouco a pressão e começamos a conversar mais à
vontade:
− Mas me fala: por que você queria tanto
que eu parasse na tua banca? Vai dizer que eu sou a única mulher que passa
naquela feira e fica te olhando?
− Não. Mas é a única que me interessa.
Ele me deixa sem fala, e é uma coisa boa,
porque a gente já está chegando no meu prédio, e o porteiro está no jardim da
frente, de papo com a maior fofoqueira da terceira idade que eu já conheci!
“Que se danem!”, eu penso de cara. Não devo nada a ninguém, sou solteira, livre
e independente, pago meus impostos e a taxa do condomínio! O que eu faço da
minha vida é problema meu e só meu! Como ele não sabe disso, fica empacado no
portão de entrada.
− É por aqui, Denilson. – e para os dois
de paus que pararam de conversar para me ver entrando com o Apolo das frutas –
Bom dia, dona Eulália! Bom dia, Osvaldo! – como os dois respondem entre dentes,
sigo em frente pela entrada de serviço, e aperto o botão do elevador. A
situação constrange o rapaz, e agora eu fico sem saber o que dizer. Entramos no
elevador e o silêncio me deixa desconfortável, mas não tem jeito, agora ele vai
puxar o carrinho até a minha cozinha... eu nunca tinha reparado como esse
elevador é lerdo, pelamor! Saímos para o corredor, eu abro a porta e ele entra
na minha frente. Eu encosto a porta, e já estou agradecendo, enquanto pego uns
trocados para gratificar o homem, quando percebo que ele foi até a porta e
passou a chave nela. Estamos nós dois sozinhos na minha casa: eu e o gigante da
feira.
Ele não perde a chance: me enlaça pela
cintura com um braço, segura o meu rosto com a outra mão, levanta o meu
queixo e me tasca um beijo molhado, delicioso. Ele é tão rápido nessa manobra
que eu fico de pernas bambas, sem saber o que está acontecendo. Quando o beijo
acaba, ele dispara:
− Acho que eu ia explodir se não beijasse
você.
− Menino, que louco isso! Eu achei que
você ia embora do jeito que chegou.
− Ah, mas não mesmo. Agora eu só vou
embora quando você me mandar.
− Então é melhor os teus irmãos serem
capazes de dar conta daquela banca de frutas sozinhos... você vai demorar um
bocado aqui.
Pego sua mão direita e o conduzo até a
sala, sento no sofá e o convido a sentar do meu lado. Ele me atende
prontamente, e já me agarra de novo. Dessa vez, o beijo vem acompanhado da
devida apalpação. O cara não podia ser assim tão gato à toa! Além de ser lindo,
entende do riscado. Ele explora o meu corpo todo com as mãos espalmadas, sem
pressa e sem muita pressão, mas eu consigo sentir a força daquelas mãos enormes
enquanto elas tocam meus seios, minhas coxas, minha barriga. Ele levanta a
minha saia e segura meu bumbum, apertando firme.
− Você é toda deliciosa... eu adoro sentir
você com as mãos... tá ficando aflita? – eu respondo a pergunta dele sentando
no seu colo, pegando sua mão e colocando sobre o fundo da minha calcinha.
− O que você acha? – ele afasta o tecido e
toca a minha buceta, deslizando as pontas dos dedos devagarinho e sentindo o
quanto aquele amasso tinha me deixado excitada.
– Eu acho que tirei a sorte grande! Eu tô
de olho em você há tanto tempo, menina, que agora vou aproveitar essa sorte com
muita calma...
Ele diz isso, e revira os olhos: estou
apalpando o pau dele por cima da calça, e não sei se ele vai se aguentar, de
tão duro que está! Eu abro o zíper dos jeans dele e o pau salta para fora: eu
já tinha percebido que ele estava sem cuecas, e essa confirmação me deixa louca
de desejo. Começo a punhetar aquela piroca linda sem pressa, e ele continua me
tocando de leve, enquanto nos beijamos. Ele tem uma língua macia, doce e
quente, que me faz imaginar coisas, e me toca suavemente, mas sabe direitinho o
que está fazendo, e eu sinto que vou gozar... não consigo manter o ritmo da
punheta, e ele para de me beijar para olhar para mim enquanto eu gozo. Ele me
pede para abrir os olhos e olhar para ele. Ele gosta de ver o que acontece na
hora do gozo, e eu deixo. Já fazia um tempão desde a última vez que eu gozei
tão gostoso, e digo isso a ele. Ele então diz, com um sorriso safado na cara:
– Bem, eu espero que essa seja a primeira
gozada do seu dia. A última vai depender só da sua hora...
– Eu tô de folga hoje, gato. Você tem todo
o tempo que precisar. Eu só não sei se você se aguenta...
Ele ri e me ataca imediatamente. Nem tenho
tempo de me posicionar para fazer um boquete nele, o cara me põe sentada e cai
de boca em mim, me deixando sem opção de 69! E, como eu imaginei, aquela língua
macia evolui que é uma beleza ali também. Eu gozo rápido, mas é um gozo tão
intenso que me sacode inteira, e me deixa meio desnorteada. Aí ele me pega no
colo (nossa, que homem forte! Isso me excita ainda mais, os braços dele
sustentarem meu peso com tanta facilidade) e me põe no chão da sala, em cima do
tapete. Só nessa hora eu tiro a camiseta e me livro da saia e da calcinha. Ele
me deixa fazer isso enquanto tira a camiseta branca e se livra da calça jeans,
revelando aquele corpo espetacular e humano. Ele não parece uma escultura, é um
cara que você vê por aí, na feira livre. Mas é um deus, lindo e delicioso.
Ele fica me admirando, nua, deitada no
chão onde ele me colocou. Ele está de joelhos na minha frente, entre as minhas
pernas. O pau dele está tão duro, tão ereto... e ele mantém o controle. Me
pergunta se eu tenho camisinha, diz que tudo bem se eu não tiver, que ele pode
ficar na vontade. Esse homem não existe, e eu digo isso a ele. Faço que vou me
levantar para buscar a borracha, e ele me impede, diz que pega, para eu dizer
onde tem. Eu aponto para o banheiro, e ele vai até lá e volta já vestido. Acho
lindo esse lance de me servir, é o que ele está fazendo. Normalmente eu tomo
atitudes. Dessa vez, estou à mercê desse homem, e mesmo assim, ele está me
servindo...
Ele se ajoelha novamente entre as minhas
pernas, e dessa vez não faz cerimônia: ele se deita sobre o meu corpo e eu
solto um gemido baixo e rouco quando sinto o pau dele invadindo a minha buceta,
estocando fundo e com vontade. É um pau lindo, já te disse isso? Nossa, e como
é grosso! Eu já tinha percebido isso, mas agora, ele dentro de mim, a sensação
é maravilhosa. Ele geme junto comigo, e está se controlando. Sei que ele quer
segurar o gozo, meter muito, por muito tempo, até me ver gozar de novo. Então
eu sugiro que ele me deixe ficar por cima, só um pouquinho.
– Claro, minha boneca. Você pode tudo.
Ele se senta no chão, e eu sento em cima
dele, controlando a velocidade e a profundidade da penetração, até encontrar um
ritmo que é bom para nós dois. Ele está dando sinais de que está no limite, e
então eu dou o tiro de misericórdia:
– Gato, vem comigo? Eu vou gozar de novo...
E aí ele me surpreende! Respira fundo,
segura a onda e eu acabo gozando, perdendo o ritmo e deixando o corpo pender
sobre ele. Aí ele me pede, bem baixinho:
– Agora fica de quatro, meu anjo. Eu vou
me acabar em você do jeito que eu gosto...
Ele nem precisava pedir com tanto
jeitinho, eu já estou à disposição dele mesmo: me ponho de quatro, empino o
bumbum e deixo ele se divertir. Ele mete tão gostoso, a rola dele me preenche
tão perfeitamente... eu gozo junto com ele, num cachorrinho de tirar o fôlego,
ele envolve a minha cintura depois do gozo, e me faz deitar por baixo dele,
sentindo o peso daquele homem grande, relaxado, depois do orgasmo. Sinto a sua
respiração voltando ao normal, e ele tira o pau de dentro de mim sem me soltar.
– Posso ficar mais um pouquinho?
– Claro, lindo... você pode tudo.
– Mesmo?
– Claro que pode!
– Então me dá dez minutos? Eu quero te
comer mais uma vez.
(O ministério da saúde adverte: uma dieta
balanceada inclui frutas. Muitas frutas...)